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  • Valor Econômico

Avenue enfrenta teste com aumento da competição

Projeto da XP pode aumentar disputa e fluxo de investidor pessoa física no exterior


Depois de um balanço trimestral mais fraco do que esperavam os analistas na última semana, a ação da XP despencou. A companhia teve queda em receita de varejo e um pouco mais de dificuldade de transformar o dinheiro sob custódia em comissões. A reação foi rápida: a plataforma anunciou um projeto para contas internacionais, abrindo o leque de produtos para os clientes e nova frente de potencial receita. O anúncio foi um pouco antes do programado, garantiu uma fonte, para já dar uma resposta ao mercado.


Imediatamente, investidores e gestores batizaram a conta da XP de “projeto tipo Avenue”. Fundada por Roberto Lee, a Avenue é a plataforma de investimentos que vem desbravando o mercado americano para o investidor médio brasileiro. Ainda que tenha apenas dois anos de operação, é a maior até agora nesse segmento.São 600 mil investidores, com cerca de US$ 2 bilhões (pouco mais de R$ 10 bilhões) de custódia, somando mais aplicações em ações americanas do que todos os BDRs (recibos de ações) somados no varejo das corretoras brasileiras, nas contas da companhia.


anúncio da XP poderia cair como uma bigorna sobre o empreendedor, como naquelas cenas de desenho animado. A XP vai arrasar a Avenue? Mas Lee diz que conta com a chegada da concorrência desde que tirou a companhia do papel. “A chegada de gente grande fortalece e legitima a categoria, dá credibilidade e atrai fluxo.Nosso maior medo seria chegar um maluco que acaba fechando o mercado por anos”, já afirmava em conversa com o Pipeline, site de negócios do Valor, dois meses atrás. “Todos os grandes já estão nos EUA, em outro público, mas com projetos no varejo. É uma questão de tempo, todo mundo vai fazer.”


O banco Inter vem se mexendo nesse sentido e há uma aposta de que o BTG faça um lance parecido em breve. Em dezembro, o Bradesco lançou a plataforma Invest US, dois anos depois de comprar o BAC Florida Bank por US$ 500 milhões. O objetivo é dar acesso a ativos estrangeiros por meio de uma conta digital local - com um mínimo de US$ 10 mil (cerca de R$ 55 mil).


A Nomad, fintech criada por Patrick Sigrist, tem proposta semelhante, com algumas diferenças no modelo. A companhia, fundada em 2019, entrou primeiro em serviços bancários, oferecendo conta corrente para brasileiros no exterior - por meio de “white label” da americana Synapse -, e recentemente entrou em investimentos.


“Na Avenue, o sistema é nosso. Por enquanto, a gente vê banking muito mais como um acessório, uma forma de atrair o cara que ainda tem receio de uma marca nova para colocar o patrimônio mas que recebe bem como conta corrente”, diz Lee.


Com o real desvalorizado, fazer o câmbio em dólar comercial com um IOF de 1,1% na remessa para conta bancária americana (e 0,38% para investimento) atrai quem usa o cartão de crédito com IOF de 6,38% por transação.


A expectativa de Lee é que ter chegado antes e já ter azeitado o modelo, bem como ter uma estrutura mais leve como entrante, pode render à Avenue alguma vantagem nessa competição. Ele também vê uma certa saia-justa na mudança de discurso de empresas que juravam que o BDR e os “feeder funds”(veículos brasileiros que investem numa carteira no exterior para oferecer acesso à estratégia ao investidor local) eram ótimos alternativas. “A conversa é ‘esquece o que te falei ontem, investir direto é melhor’?”, questiona Lee, sobre a estratégia comercial das instituições brasileiras de importar produtos internacionais.


“Outra questão para essas companhias é que o acesso direto internacional diminui a margem, no comparativo à importação de produto. Mas o movimento da XP mostra que um problema maior que perder margem é perder cliente”, avalia. Segundo a XP, 77% dos clientes dizem ter interesse em investimentos no exterior.


De seu lado do balcão, Lee argumenta que BDRs não patrocinadas geram dividendos menores para os clientes, já que uma taxa fica com a instituição, o investidor não é um acionista da empresa que pode se beneficiar de uma “class action” de ADRs, e a pessoa física tem até R$ 35 mil em vendas de ações por mês isentas de imposto. “Nos fundos não é muito diferente, com taxa duplicada nos feeders. Por que bilionário brasileiro investe fora? Porque no Brasil tem come-cotas e no mercado americano só paga no resgate”, compara.


Um aporte de US$ 30 milhões feito pelo Sotfbank em agosto está ajudando a Avenue a se preparar para a próxima etapa. “Vamos comprar um banco nos Estados Unidos neste ano, para controlar ainda mais nossos balanços. No Brasil começamos usando o Bexs como nossa operação de câmbio, aí compramos essa operação deles”, diz. Também ajuda no funding, com a possibilidade de captação com CDBs. O sonho que Lee não esconde é oferecer crédito com custo americano a brasileiros


Ao comprar uma casa em Miami, foi convencido pelo banco a não quitar à vista - afinal, podia financiar 80% a 2,5% ao ano. Um investimento simples lhe rendia 4,5%. “O próximo capítulo da competição é nos Estados Unidos.”



Leia a matéria completa aqui:https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/05/09/pipeline-avenue-enfrenta-teste-com-aumento-da-competicao.ghtml




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