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  • Ana Paula Ragazzi

Ouro, cobre, zinco: Ore banca pesquisa mineral, lacuna do mercado

Atualizado: 7 de jun. de 2022


No mercado de mineração, muitos donos de direitos minerários não conseguem fazer descobertas geológicas por falta de capital.


Enxergando essa lacuna, cinco ex-executivos de empresas como Vale, Bunge e Anglo American se uniram há dois anos para fundar a Ore Investments, uma gestora de private equity focada no setor.


“Falta esse capital de risco para a descoberta de novas jazidas,” Mauro Barros, sócio e CEO da Ore, disse ao Brazil Journal.


Depois do early stage, que envolve a pesquisa e a descoberta de uma jazida, a mineração ainda passa por diversas fases, como o estudo de viabilidade de uma mina, licenciamento ambiental, construção da mina, comissionamento e operação.


No Brasil, há mais investidores dispostos a financiar essas outras fases, em que o risco geológico já foi superado. Já o capital para o early stage ou é próprio (dos empreendedores) ou pode vir de outras mineradoras ou investidores estrangeiros, mas não é comum sob o formato de um fundo de private equity.


Ano passado, a Ore levantou seu primeiro fundo, com US$ 48 milhões de capital comprometido. A gestora paulista Spectra, que já tinha relacionamento com o time da Ore, foi o investidor âncora; os outros cotistas são family offices brasileiros e investidores internacionais dedicados ao setor.


O fundo da Ore tem prazo de dez anos e deve fazer de 4 a 6 investimentos, com cheques de US$ 5 milhões a US$ 10 milhões.


A primeira aposta do fundo foi em abril deste ano: uma área em Carajás, no Pará, com bom potencial para a descoberta de cobre e, possivelmente, ouro, segundo Mauro.


O segundo investimento foi concluído agora: uma parceria com a também mineira Genesis Mining num projeto de exploração de ouro em Nazareno, no interior de Minas.


O projeto está dentro da área de uma mineradora de grande porte, cujo nome não foi revelado e que permanecerá com participação no ativo. Hoje, o projeto possui 700 mil onças de ouro em recursos, o estágio anterior às reservas. (Glossário: o ‘recurso’ é a quantidade de mineral estimado com razoável nível de confiança, enquanto a ‘reserva’ é a parte economicamente lavrável do recurso.)


O que atraiu a Ore para o investimento foi a possibilidade de pesquisa nas proximidades dessa área, que poderá elevar o projeto para 1 milhão de onças de ouro em reservas. (Para efeito de comparação, a Aura Minerals, listada na Bolsa, possui cerca de 2 milhões de onças de ouro de reservas provadas e prováveis.)


“Uma mina dessas — operando com produção anual de 70 mil onças, e considerando o preço médio atual — geraria uma receita de US$ 100 milhões ao ano, por 10 anos,” diz Mauro, acrescentando que o ativo de Nazareno é de porte médio.


O investimento previsto no projeto Nazareno é de US$ 5 milhões ao longo de 4 anos. A Ore vai dividir a gestão e o risco exploratório com a Genesis, que assinou um contrato de farm-out com a mineradora dona da área, que continua no projeto.


A Ore pretende diversificar a carteira do fundo com outros metais. Está atenta a projetos de cobre, níquel e zinco (metais básicos) por conta de projetos de infraestrutura e de transmissão de energia. E também são opções o fosfato, utilizado em fertilizantes; além de lítio, cobalto e grafite, os metais “de baterias”, essenciais para a descarbonização da economia.


Nos metais preciosos, o foco é mesmo o ouro, um porto seguro utilizado como hedge pela indústria de investimentos em tempos de inflação — além de demandado pelas indústrias de joias e eletrônica.


Mauro diz que ainda há muita coisa para descobrir com a pesquisa mineral no Brasil.


“Existe uma compreensão equivocada de que tudo já foi descoberto, mas ainda temos muito o que avançar no nível de conhecimento geológico, do ponto de vista de escala e de prospecção,” disse. Segundo ele, há, inclusive, a possibilidade de descoberta de minas novas de “classe mundial,” que vão fazer diferença na produção mundial de uma commodity. Outras minas, hoje fechadas, também podem ser reabertas com novas tecnologias.


Fonte: Brazil Journal

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